O Brasil vem enfrentando nos últimos tempos um rápido crescimento no número de pessoas idosas. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), até 2050 o número de pessoas com idades entre 40 e 50 anos será bem maior que todos os outros segmentos etários.
Com base nesta realidade, a Qualitte traz à tona um problema muito sério enfrentado pelas pessoas da terceira idade, a discriminação, também conhecida por termos como etarismo, idadísmo ou ageísmo. Apesar de serem pouco conhecidas pela maioria da população, essas palavras refletem a limitação da nossa sociedade frente às capacidades e direitos da pessoa idosa.
Segundo a Lei 10.741/2003, também conhecida como Estatuto da pessoa idosa, é considerado crime o ato de “discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio, ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade”.
Para esclarecer o que é etarismo e o seu impacto na vida da pessoa idosa, a Qualitte se aproximou da Secretaria da Pessoa Idosa de Balneário Camboriú para entender as atitudes discriminatórias contra as pessoas 60+, ações que podem ocorrer em diversos ambientes, como na área da saúde, no trabalho ou até mesmo em casa. Essas atitudes quando praticadas podem impactar profundamente na qualidade de vida da pessoa idosa, proibindo-a de exercer suas condições com plenitude, levando-a a limitações e ao isolamento.
Além disso, a secretaria também chama a atenção para o modo que essas condutas se manifestam. Frases como: “Isso é coisa da idade” ou “você não tem mais idade para fazer isso”, geram no idoso um sentimento de frustração, limitando-o de ter uma vida plena e feliz. A secretaria ainda faz um apelo que, na presença de qualquer ato de discriminação por idade, procure-a para que as providências sejam tomadas.
Diga não à discriminação por idade
A Qualitte quis entender de perto como se vive a discriminação e para isso conversou com a aposentada Maria de Fátima Oliveira Antunes, 66, quem já viveu esse tipo de constrangimento e ainda passa por isso. Ela conta que tem uma vida muito ativa e, que após se aposentar, resolveu se reinventar, tornando-se nutricionista integrativa e terapeuta natural. “Promovo grupos de conscientização para a qualidade de vida através da nutrição integrativa”, explica.
Maria de Fátima já sentiu na pele o temido etarismo, principalmente no trânsito. “Dirijo há 48 anos, nunca bati o carro, mas basta alguém no trânsito, principalmente jovens, achar que a culpa é tua, já vem: “ô velha, vai pra casa”. Isso pra não falar coisa feia aqui”, relembra a terapeuta.
Ela admite que fica muito chateada com essa discriminação por idade, mas que não responde. “Fico indignada com o posicionamento das pessoas que não conhecem aquelas pessoas de cabelos brancos. Eu, por opção, porque não faço coloração. Nos tratam com tanto desrespeito e, mal sabem eles que: se um dia não tiverem cabelos brancos, certamente porque já terão deixado este mundo e, não terão o privilégio de viver a maturidade, sendo ativo socialmente e produtivo moralmente”, ensina aos mais jovens.
E os ensinamentos não param por aqui. Maria de Fátima destaca que, independente do momento e condições que a pessoa idosa está vivendo, o mínimo que todos devem ter é respeito e empatia. “O ser humano não fica velho. Coisas, perdem a serventia e ficam velhas, estragadas. Nós florescemos, frutificamos e hoje somos sementes que guardam uma vida de experiências. Basta que sejam acolhidas para que possam ser semeadas e cultivadas pelas futuras gerações”.
Para Qualitte o testemunho da Maria de Fátima sobre o etarismo é relevante, porque ela é uma de muitas pessoas idosas do Brasil que sofrem discriminação e, temos que ter consciência que cada dia a nossa sociedade é mais longeva.
Secretaria da Pessoa Idosa de Balneário Camboriú – Rua 1822, n 614 – Centro. Telefone (47) 3267-7054.
Maria de Fátima Oliveira Antunes – fatinutriterapeuta (Instagram).